Lançamento do aplicativo faz parte de uma estratégia global do grupo, que há muito tempo deixou de ser apenas um provedor de buscas, para chegar mais perto das empresas.

O pequeno empresário brasileiro já sabe da importância do investimento em marketing digital, mas muitos ainda não sabem como fazê-lo. De olho no potencial desse segmento, o Google criou uma versão nacional do aplicativo Primer, que ajuda o empreendedor a entender os conceitos e obter melhores resultados.

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O programa, que mesmo em sua edição na língua inglesa já havia batido a marca dos 40 mil downloads em solo nacional, tem como objetivo, ajudar o empresário a conseguir conhecimento para um marketing inovador, por meio da adaptação, para o português, de conceitos ainda não tão difundidos por aqui, nas palavras da diretora de marketing e anunciantes do Google Brasil, Susana Ayarza.

O lançamento do aplicativo faz parte de uma estratégia global do grupo, que há muito tempo deixou de ser apenas um provedor de buscas, para chegar mais perto das empresas. Nos últimos anos, a oferta de ferramentas corporativas ganhou relevância.

Quando o assunto é marketing digital, elementos como analytics, ad words ou as técnicas de search engine optimization (popularmente conhecidas como SEO), que geram análises preditivas ou melhoram a performance de anúncios, se consolidaram entre grandes companhias e no middle market.

Já no caso das micro e pequenas, o quadro é um pouco diferente. “O marketing digital pode ser simples, mas em um primeiro momento nós precisamos pegar o pequeno empresário pela mão”, conta ao DCI o diretor da divisão de PMEs do Google Brasil, Luciano Santos. “Nossa filosofia é diferente de outras empresas. Queremos sucesso, independentemente do volume das receitas”. Já em curso, tal aproximação mobilizou esforços em diversas frentes. A primeira envolveu a restruturação da força de trabalho voltada ao mercado corporativo. “No passado, todo o atendimento era self service: o empresário não interagia com humanos. Hoje nossa equipe oferece consultorias, através de profissionais das mais diversas formações. Não abrimos o número de empresas [clientes], mas elas já são centenas”, afirma Santos. Entre as não-clientes, a abordagem também passa por mudanças.

Gratuito, o Primer funciona de maneira autônoma às franquias de dados móveis e apresenta seu conteúdo na forma de lições. O aplicativo foi disponibilizado oficialmente durante workshop Meu Negócio Brilha com o Google, realizado em São Paulo no último dia 23. O evento é outra ação da gigante no sentido de se manter próxima dos clientes, além de atrair novos negócios.

“Muitas empresas se equivocam quanto ao marketing digital porque confundem uma ferramenta com o todo”, explica o gerente de Novos Negócios da agência digital Webfoco, Alex Pinhol. “Elas acreditam que apenas um blog funcionando sozinho ou a presença nas redes sociais já basta, mas na realidade não é bem assim: existe uma série de ferramentas que devem funcionar interligadas.”

Parceira do Google, a Webfoco é uma das agências que tem se aproveitado da demanda reprimida entre pequenos negócios para se fortalecer. “Nós simplificamos ainda mais a plataforma para as PMEs”, garante Pinhol, diante do dashboard desenvolvido pela empresa que permite o acompanhamento, em tempo real, do engajamento dos clientes. Atualmente, cerca de 5 mil empresas fazem esse papel “intermediário”, diz Pinhol.

Um dos motivos para tal é a descoberta, por parte dos empreendedores, da utilidade de determinadas ferramentas em diferentes momentos da trajetória de cada empresa: no caso do serviço de assinatura gastronômica BistroBox a ferramenta da ad words – que cria anúncios baseados em palavras-chave populares entre o público-alvo – foi utilizada no momento de teste e validação do modelo de negócios.

“Queríamos um lançamento que não tivesse a interferência de nossos conhecidos das redes sociais”, conta uma das sócias-fundadoras do BistroBox, Nathalia Takenobu. “Anunciamos antes de colocar no ar. Quando começamos a ter assinantes, vimos que tinha negócio”, completou.

“A grande vantagem é que, no fim, não ficamos com a impressão que o dinheiro [aplicado em anúncios] vazou”, argumenta Diego Shimohirao, do e-commerce especializado em trajes para artes marciais Meu Kimono. O anseio indica que conceitos como o ROI (do inglês return on investment, ou retorno de investimento) vão se tornar mais presentes mesmo no universo das pequenas – que, à via de regra, podem errar menos que concorrentes de grande porte.

Para tal, uma maior flexibilidade nas formas de pagamento aparece como um mecanismo importante para manter o serviço atraente entre PMEs. “Se o empresário investe R$ 200, mas com R$ 50 ele já alcança os resultados desejados, ele fecha a torneirinha e pega seu dinheiro de volta”, explica Luciano Santos.