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Android no PC?

Qual será hoje o maior pesadelo dos executivos da MS? Já cogitou em um sistema operacional Android para PCs?

Sou um velho usuário de computadores. Tão velho que vi Windows nascer, lutar para conquistar mercado e crescer. E tanto cresceu e se disseminou que conquistou o domínio inconteste deste mercado.

Agora algo me diz que, tendo acompanhado toda a ascensão, devo me preparar para assistir mais uma batalha para assegurar este domínio.

Windows nasceu durante os anos 80 do século passado, mas ninguém notou. O mercado de hardware era dominado pelos velhos XT, com seus processadores 8086 rodando a 4,77 MHz (Mega-hertz, para que não pensem que foi um erro de digitação) e uma capacidade de processamento gráfico que mesmo para aquela época poderia ser considerada ridícula. O tipo do terreno hostil para uma interface gráfica medrar.  Por isto Windows 1 e Windows 2 passaram virtualmente desapercebidas. Foi apenas em 1991, quando a maior parte do parque de computadores era constituída por i386 e i486, estes últimos com seus processadores numéricos integrados à UCP (“desenhar” a tela de uma interface gráfica exige uma calculeira medonha) que apareceu o primeiro Windows digno de atrair a atenção dos usuários, o Windows 3. Que logo começou a conquistar adeptos entre os usuários domésticos. E muita gente, inclusive este que vos escreve, pensou que o mercado doméstico seria o nicho do sistema. Lembro que na época pensei: “estas figurinhas são muito bonitinhas, a garotada adorou, mas dificilmente encontrará aceitação no sisudo terreno corporativo”. Qualquer funcionário de qualquer companhia que esteja lendo estas mal traçadas no micro da empresa constatará facilmente que me enganei.

E assim seguiu Windows, evoluindo e, por pelo menos quinze anos, singrado um mar de almirante. Quando se comprava um computador, era quase certo que ele vinha com uma versão qualquer de Windows instalado. E era quase igualmente certo que, de lambuja, seu orgulhoso proprietário comprasse a versão correspondente do pacote integrado Office. E a Microsoft seguia enchendo a burra (que ninguém se ofenda com o termo: “burra” nada mais é que uma caixa onde se guarda dinheiro e quem duvidar pode verificar no Houaiss).

Então começaram a acontecer coisas.

Uma delas foi a popularização da Internet, que só se tornou acessível ao cidadão comum em 1995. E uma ferramenta que até então só estava ao alcance de alguns privilegiados membros das comunidades acadêmica e governamental (dos EUA, inclusive e principalmente militares) popularizou-se a tal ponto que tornou a computação inimaginável sem ela. Hoje, quem tem um computador, tem um computador conectado, seja diretamente à Internet, seja a uma rede que por sua vez estará de alguma forma conectada à Internet.

Windows quase perdeu esse bonde. No início não deu muita importância àquela tal “conectividade” e quase dançou quando navegadores como o Netscape e Opera (alguém ainda fala neles?) começaram a singrar as águas revoltas dos mares antes bonançosos. Mas a MS acordou à tempo e, com uma campanha extremamente agressiva (e, dizem alguns, pouco ética) promoveu seu Internet Explorer até que ele fosse tão popular que a maioria das páginas da rede eram desenvolvidas para serem exibidas nele. E retornou a calmaria.

Então mais uma onda apareceu no horizonte: a conexão sem fio, seja através da rede de telefonia celular, seja através de tecnologias tipo WiFi ou WiMax. E, se conectividade é uma maravilha em um computador fixo, em um computador móvel chega a parecer um sortilégio. A possibilidade de acessar a Internet de qualquer lugar, baixar arquivos, “conversar” com amigos ou clientes seja mantendo um diálogo primitivo via “chat” até uma conexão de vídeo passando pela ligação com voz, parecia um sonho. E eu, velho colunista que chegou a usar telefone a manivela (não, ainda não estou embalsamado: falei num bicho destes ainda criança em uma cidade do interior e para alcançá-lo tinha que subir em um banquinho), ainda não consigo deixar de me maravilhar com a facilidade com que me comunico com o Brasil quando vou, por exemplo, a Taiwan, do outro lado do mundo, para cobrir a COMPUTEX.

Mas, para a passagem deste bonde a MS estava atenta. Incluiu funções no Windows que fizeram com que o mesmo sistema que se aboletava nos poderosos computadores de mesa se sentisse igualmente à vontade nos micros portáteis qualquer que fosse seu fator de forma. Ou pelo menos nos mais antigos: “laptops”, “notebooks” e até mesmo nos minúsculos “netbooks”, estes últimos desenvolvidos especificamente para acesso à rede. Portanto, não foi difícil galgar a primeira onda e seguir navegando sem problemas.

Porém nos últimos dez anos o mar voltou a encrespar. E os responsáveis por esta agitação foram os dispositivos de mão (“handhelds computers”), seja incorporados aos telefones celulares, seja adotando o fator de forma tipo tablete.

Talvez você ainda encontre por aí, possivelmente nas mãos de uma criança, um telefone celular que se limite a falar, ou seja, à comunicação por voz. Mas se você está lendo esta coluna, é muito provável que o seu seja um “telefone esperto” (“smartphone”) e faça muito mais que isso. E este “muito mais” depende, quase que exclusivamente, do acesso à Internet. Eu, por exemplo, uso os meus (por razões profissionais carrego mais de um) para ler as últimas notícias, me localizar em um mapa, decidir qual o melhor trajeto pelo qual me deslocar (ou pedir para que o próprio telefone me guie com orientações em voz alta enquanto dirijo), fazer cálculos, consultar dicionários, enciclopédias e, naturalmente, me orientar com o oráculo do século XXI, o infalível o Google (“infalível” não porque não erre, mas porque não se faz mais nada sem consultá-lo antes).

Esses bichinhos, como computadores que são, precisam de um sistema operacional. No começo, cada fabricante desenvolveu o seu. Houve o Palm (lembra dele?) que morreu por ser mudo, o Symbian, desenvolvido pela Accenture e recentemente abandonado pela Nokia, o Blackberry, da RIM e o IOS, da Apple, só para falar nos mais populares.

E, naturalmente, o Android, da Google.

Mas se a Google não fabrica nem vende telefones celulares ou tabletes, por que diabos haveria de desenvolver um sistema operacional para eles?

Ora, porque é uma empresa que não somente sabe onde tem o nariz como também o tem apontado para o futuro e com um faro excelente…

O Android (que na realidade não foi desenvolvido pela Google, mas por uma pequena empresa chamada Android que foi financiada pela Google até ser comprada por ela em 2005) é um sistema operacional de tal forma otimizado para ser usado com os produtos da Google que é praticamente impossível tirar partido de todas as suas funcionalidades sem vinculá-lo a uma conta Google. E, sendo baseado no Linux, é um sistema de código aberto. O que quer dizer que qualquer um pode usá-lo gratuitamente desde que obedeça o disposto na Apache License.

E que vantagem a Google leva nisso?

Ora, como o uso do Android está praticamente vinculado aos produtos Google, quanto mais dispositivos o usarem, mais gente estará usando os produtos Google.

E deu certo?

O primeiro dispositivo a usar o Android foi um telefone celular lançado em outubro de 2008. Segundo a Wikipedia, exatamente quatro anos depois, em outubro de 2012, o número de telefones espertos rodando Android abarcava 75% deste mercado com 500 milhões de aparelhos ativados, havia 700 mil aplicativos Android disponíveis e o Google Play, sítio onde estes aplicativos podem ser obtidos, alguns gratuitamente, outros mediante um pagamento quase sempre módico, já havia fornecido 25 milhões de aplicativos.

E a posição do Android no mercado dos tabletes não é muito diferente.

A Microsoft, naturalmente, está correndo atrás. E o faz com a eficiência costumeira.

Primeiro lançou o Windows 8, a mais recente versão de seu sistema operacional, e otimizou sua interface para telas sensíveis ao toque, que equipam praticamente todos os computadores de mão. Na mesma ocasião lançou o Windows RT, uma versão praticamente idêntica ao Windows 8, porém capaz de rodar em dispositivos com UCPs menos poderosas, como as ARM usadas na maioria dos telefones espertos e muitos tabletes. E por fim lançou seu próprio tablete, o Surface, atualmente em duas versões: o Surface RT, menos poderoso (e mais barato) rodando o Windows RT, e o Surface Pro, mais poderoso, mais caro e rodando o Windows 8.

De modo que, ao que parece, a MS veio bem equipada para a guerra dos dispositivos de mão, na qual sua posição ainda está longe de ser invejável mas, a julgar pelos precedentes, deve melhorar.

Porém, pode ser que eu me engane, mas o mercado de computadores de mão não é o fantasma que mais tira o sono dos executivos da MS.

O que realmente os assusta é a possibilidade da Google adaptar uma versão do Android para rodar em micros de mesa (“desktops”, ou PCs).

Há algum tempo, isto seria impensável. Não daria certo pela mesma razão que os esforços da briosa tribo do Linux foram baldados: falta de aplicativos, já que o usuário não compra um computador para rodar um sistema operacional por melhor que ele seja, compra para rodar aplicativos (aos membros da audaz, denodada, intimorata e intrépida tribo Linux, por favor, não reiniciem aquela velha discussão sobre as virtudes de seu sistema; para evitá-la eu declaro desde já e de público, que as reconheço todas, que o Linux é o melhor sistema operacional jamais concebido e que eu guardo imensa admiração por seus desenvolvedores; mas não aguento mais aquele blá-blá-blá, portanto poupem-me).

Mas hoje, com mais de 700 mil aplicativos Android no mercado, a coisa é diferente.

Diga-me lá: do ponto de vista dos fabricantes de computadores, de mão ou de mesa, não seria muito mais interessante equipá-los com um sistema que já obteve imensa aceitação do mercado e que praticamente todo usuário de telefone esperto sabe operar – e ainda por cima, de graça?

E do ponto de vista do usuário, não exerceria uma forte atração comprar um computador que vem equipado com o mesmo sistema operacional ao qual ele já está acostumado em seu tablete ou telefone esperto e que oferece tantos aplicativos?

Pois é. Não é mesmo de tirar o sono do pessoal da MS?

Quem sabe esta não é uma das razões que levou a MS a otimizar Windows, mesmo a versão usada nos computadores de mesa, para telas sensíveis ao toque?

Na coluna “O futuro dos PCs”, publicada aqui mesmo há duas semanas, eu atribui esta iniciativa à expectativa da MS que os micros de mesa tenham vida curta e se aninhem em um nicho.

Mas, pensando bem, talvez valha a pena considerar uma segunda possibilidade: a expectativa da MS que os micros de mesa rodando Windows tenham vida curta e se aninhem em um nicho.

É esperar para ver…





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