É certo dizer que a tecnologia nos últimos tempos evoluiu de tal maneira que até mesmo algumas criações deixaram filmes de ficção científica para trás.
Hologramas,
realidade virtual,
aprendizado de máquina,
inteligência artificial são só alguns dos tópicos que estão sendo amplamente debatidos e estudados ao redor do mundo.
Inclusive, alguns desses temas são os favoritos deLondoner Demis Hassabis. A missão dele é nada menos que resolver a inteligência, no sentido de entendê-la profundamente e, depois, usar o resultado para resolver todo o resto - o que quer que esse resto seja, como afirma o próprio executivo em entrevista ao The Guardian.
Com apenas 39 anos, Hassabis é um ex-mestre de xadrez e designer de games, formado em ciências da computação e neurociência cognitiva. Ele também foi o criador da startup DeepMind, adquirida pelo Google em 2014, que tem como principal feito pesquisas na área de inteligência artificial.
Não achou o suficiente?
Tim Berners-Lee, pai da internet, já o descreveu como um dos seres humanos mais inteligentes do planeta.
Seu trabalho pode, em um primeiro momento, impactar apenas a vida das pessoas por meio da implementação da assistente virtual do Google, o Now, mas, no longo prazo, suas pesquisas podem ir para além de
robôs com respostas emocionais e outros gadgets inteligentes.
Os planos de Hassabis envolvem a construção da primeira "aprendizagem de máquina de uso geral". Basicamente, um software de inteligência artificial autodidata que usa um conjunto único de algoritmos flexíveis e adaptáveis que podem aprender - da mesma forma que os sistemas biológicos fazem - e dominar qualquer tarefa a partir do zero, usando nada menos que dados brutos. Dessa forma, no futuro, máquinas superinteligentes trabalharão lado a lado com especialistas para resolver literalmente qualquer coisa, na visão do executivo.
E parece que Hassabis está cada vez mais perto do seu objetivo. No mês passado, a DeepMind publicou um de seus experimentos no jornal científico Nature. O adversário da vez foi o jogo estratégico chinês Go - que é mencionado por Confúcio em seus escritos, então dá para se ter uma ideia da idade que ele tem.
Ao contrário do xadrez ou de outros jogos como o cubo de Rubik, também conhecido como cubo mágico, esse game não pode ser concluído usando cálculos. Ele requer simplesmente o uso da intuição de seus jogadores - ou algo como um simples "parecia a coisa certa a ser feita". Por esse detalhe, computadores com inteligência artificial têm no Go um de seus maiores desafios a serem batidos.
Mas o algoritmo AlphaGo, da DeepMind, conseguiu vencer o atual tricampeão europeu de Go, Fan Hui, por 5 a 0 em um torneio-teste do jogo. Agora o próximo passo, programado para março, é driblar as táticas de Lee Sedol, vice-campeão mundial.
E a parte mágica do algoritmo parece estar exatamente no fator "humano" da máquina. "AlphaGo joga em um estilo muito humano, porque ele aprendeu de uma forma humana e, em seguida, ficou mais forte e mais forte, jogando, assim como você ou eu poderíamos fazer", disse Hassabis ao The Guardian.
A parte mais importante desse grande feito, de acordo com o especialista, é que esse não é um sistema superinteligente que utiliza regras artesanais. "Ele se ensinou a dominar o jogo, usando técnicas de aprendizado de máquina de uso geral", disse. "Em última análise, queremos aplicar tais técnicas para importantes problemas do mundo real, como modelagem climática ou análise complexa de doenças. Então, é extremamente empolgante começar a imaginar o que ela [a tecnologia] poderia ser capaz de fazer."