Pesquisa constatou que apenas 27% das companhias de médio e grande porte investem em inovação, enquanto 36% não sabem medir o impacto disso no faturamento.
A Qualcomm, fabricante de processadores para smartphones e tablets, realizou um estudo em parceria com o IDC sobre a adesão da mobilidade e Internet das Coisas (IoT) em quatro países da América Latina (Argentina, Brasil, Colômbia e México). A pesquisa, chamada Índice Qualcomm de Inovação na Sociedade (QuISl) 2015, foi realizada em setembro e teve três focos diferentes: empresas, pessoas e governo.
Na primeira vertical, foram entrevistadas 150 empresas brasileiras de médio e grande porte e constatou-se que apenas 27% delas possuem processos de política de inovação. Desse montante, apenas cerca de um terço investe 1% da receita em tecnologia. Porém, o dado mais preocupante é que 36% do total das empresas entrevistadas não sabem dizer o quanto a inovação impacta no faturamento.
Quanto a adoção de tecnologia IoT, 57% das empresas se dizem familiarizadas com o tema, mas apenas 27% tem planos futuros para implantá-la, enquanto 44% não possuem nenhum projeto de implementação. Das companhias com projetos em inovação, 35% são em BYOD (em português, traga seu próprio dispositivo) e apenas 7% são em IoT.
Os inibidores para adesão da tecnologia são o preço e a falta de correlação entre a tecnologia e o benefício dos clientes, na visão dos tomadores de decisão. Para Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina, o IoT deveria ser um acelerador para o Brasil, mas não estamos entrando no setor com a necessidade que precisaríamos em comparação com o tamanho do país.
Para o executivo, é necessário que provedores de IoT e analistas do setor se alinhem com os tomadores de decisão e mostrem os benefícios da tecnologia para a empresa.
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Governo tem interesse em investir em IoT para arrecadar mais
O estudo também avaliou a visão de 15 provedores de software, hardware e serviços, startups e universidades sobre o papel do governo na adesão de novas tecnologias. Para 60% deles, o governo tem interesse em investir em IoT, mas a maioria (67%) considera que a adesão de novas tecnologias é para aumentar a arrecadação.
Na opinião de Steinhauser, a burocracia do país é um problema para o processo de produção científica no Brasil, levando cerca de 10 a 15 anos para se registrar uma patente. A falta de financiamento público para startups também é outra dificuldade que impede o processo de inovação no país.
Tecnologia é fundamental para brasileiros
A pesquisa abordou cerca de 700 pessoas que possuíam smartphones e constatou que 86% acreditam que a tecnologia tem alta ou média influência na vida pessoal. Já sobre a possibilidade de trocar de aparelho, 70% afirmou que desejava fazer isso já no próximo ano e 34% aceitam pagar um pouco mais para comprar um smartphone melhor. Para isso, 28% valorizam mais a performance, enquanto 16% avaliam que o preço será o fator fundamental para a troca.
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Já sobre dispositivos vestíveis (wearables), 68% dos entrevistados desejam adquirir um smartwatch (relógio conectado à Internet), enquanto 23% preferem um eyewarable (óculos virtual). Porém, mais da metade (52%) dos brasileiros não sabem o que são os wearables, enquanto 16% não sabem muito e 31% entendem o termo. Apenas 4% já possuem um dispositivo vestível, sendo que 35% destes afirmaram que se tornaram mais produtivos com o produto.