Em
tempos de instabilidade econômica, os modelos de gestão são sempre questionados. Momentos de crise são propícios para buscar novas formas de fazer negócio ou mesmo diferentes modelos de produção e de comercializar um produto. Assim, não é surpresa que no momento atual, diante de incertezas que vão do Brasil a China, muitos especialistas passem a questionar tudo o que é feito atualmente. E isso também vale para a
TI, que tem sofrido pressão de todos os lados para ser mais inovadora, ágil, colaborativa e até permissiva.
Em recente entrevista ao The Wall Street Journal, Yves Morieux, diretor e sócio-sênior do Boston Consulting Group, ao avaliar a situação de CIOs na Europa e Estados Unidos, pregou a necessidade de uma revolução na gestão, movimento que passaria por todas as áreas, inclusive o departamento de tecnologia.
Na visão do especialista, executivos de TI na Europa e EUA enfrentam desafios similares, sobretudo no quesito entregar a TI como ferramenta estratégica de negócio. Ao ler tal frase, parece até que a discussão retrata também o cenário brasileiro, uma vez que aqui também muito se questiona sobre a posição do CIO como executivo capaz de
posicionar a TI como área estratégica e com força suficiente para transformar o negócio ou mesmo possibilitar o surgimento de novos modelos de negócio.
Sim, é verdade que tal postura não pode ser generalizada. Assim como na Europa e nos EUA, existem no Brasil executivos com nível de senioridade bastante elevado e que são referências no mercado não apenas pela forma que gerem a tecnologia, mas pelo posicionamento que garantiram ao departamento ao elevar as discussões para nível de negócio.
Morieux, que avaliou o cenário até pela dificuldade que alguns provedores
enfrentam com regulamentações europeias, questiona inclusive o como corporações globais podem utilizar a tecnologia de maneira mais construtiva. E tal questionamento acontece porque, na visão do especialista, muitos executivos tentam gerir conglomerados empresariais com filosofias traçadas na era da máquina a vapor. Num cenário onde os negócios crescem e se movimentam rapidamente, a tendência é que mais processos sejam criados e a TI precisa suportar essa movimentação tornando o negócio menos complexo.
Por fim, ele frisa algo que já é debatido há alguns anos no cenário executivo: o conhecimento organizacional está embarcado na TI que, por consequência, deveria estar no centro das decisões de negócio. Quando se quer desenvolver um software, ensina Morieux, é preciso conhecer bem o que as pessoas fazem e como elas utilizam as informações.
Essa máxima que ele coloca, mostra que a TI ainda se posiciona de maneira distante do negócio e, principalmente, do cliente final, trazendo, assim, falhas na execução, ou mesmo lentidão em atender às demandas departamentais e mercadológicas. Pesquisas realizadas com CEOs de todo o mundo pelo The Conference Board mostram que entre as principais preocupações dos CEOs está o gap entre estratégia e execução. Ou seja, não basta elaborar um lindo plano e conhece-lo de cor se, ao final do ano fiscal, a execução ter falhado, seja por alinhamento, desconhecimento de algum tópico ou qualquer outro motivo.
Mas como o objetivo não é demonizar ninguém, tampouco o departamento de TI, vale recorrer a algumas frases que sempre são colocadas por consultores em nível global como: não há melhor momento para ser TI do que o atual. As possibilidades trazidas pela digitalização dos processos, interesse crescente do marketing por tecnologia e facilidades trazidas por modelos como computação em nuvem, colocam no colo do CIO a oportunidade de ser um ente altamente estratégico na organização; e é exatamente isso que o seu CEO espera de você, como comprova pesquisa CEO Survey 2015 do Gartner, na qual executivos frisam que TI é a principal ferramenta para crescimento dos negócios.