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Facebook compra WhatsApp. Por quê?

Qual a razão que levou o Facebook a pagar quase vinte bilhões de dólares americanos para adquirir o WhatsApp?

crédito: .Piropohttp://itweb.com.br/Janela do Facebook Messenger

Em dezenove de fevereiro passado, Mark Zuckerberg, o todo poderoso fundador e senhor do Facebook, adicionou uma postagem anunciando que fechou um acordo para adquirir a empresa que opera o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp, cuja equipe se juntará à do próprio Facebook.

No anúncio, Zuckerberg informa que o WhatsApp “é um serviço rápido, simples e confiável para troca de mensagens entre dispositivos móveis com mais de 450 milhões de usuários” – aos quais, acrescento eu, um milhão de novos usuários se juntam a cada dia. Diz ainda que o aplicativo vai continuar operando independentemente mesmo após sua incorporação à rede social, mantendo a mesma equipe nas mesmas instalações. E que nos próximos anos, juntos, continuarão a trabalhar arduamente para fazer com que o WhatsApp siga crescendo para conectar o mundo inteiro, complementando o Messenger, o serviço de troca de mensagens do próprio Facebook.

O comunicado não menciona quanto Zuckerberg pagou pela aquisição, mas consta que o valor total foi de 19 bilhões de dólares americanos, dos quais 16 bilhões em dinheiro e 3 bilhões em ações. Segundo artigo de Harry McCracken para o Time, trata-se de “um negócio de proporções históricas”. De fato, um gráfico das aquisições de empresas no campo da tecnologia com custo acima de um bilhão de dólares nos últimos quinze anos, exibido no mesmo artigo, mostra a compra do WhatsApp no topo da lista.

No que toca à razão que norteou a aquisição, a postagem de Zuckerberg se limita a dizer que o objetivo é “tornar o mundo mais aberto e conectado”.

Será?

Bem, ao menos para alguns jornalistas especializados, não parece. Sarah Lacy, em artigo para o sítio PandoDaily intitulado “Follow the photos: The real reason Facebook just paid almost 10% of its market cap for WhatsApp” (Siga as fotos: a verdadeira razão pela qual Facebook pagou quase 10% de seu valor em bolsa pelo WhatsApp), cita algumas possibilidades: a cobiça do Facebook pelos 450 milhões de usuários do WhatsApp; a questão dos adolescentes: a idade mínima para se inscrever no WhatsApp é maior que a exigida pelo Facebook, e adolescentes mais jovens tendem a migrar de serviço mais facilmente; e a busca de mais usuários de serviços móveis, que já constituem a maioria dos 1,2 bilhões de usuários do Facebook. Mas as descarta em seguida e afirma que a razão real são as fotos.

Segundo ela, o Facebook cresceu em torno do compartilhamento de fotografias, que continua sendo um dos principais motivos de atração de usuários – e não foi por outra razão que a empresa adquiriu o Instagram no final de 2012. E acontece que os usuários do WhatsApp trocam 500 milhões de fotos diariamente, enquanto Facebook processa 400 milhões, incluindo os 55 milhões do Instagram. E, segundo Sarah Lacy, esta quantidade de imagens não podia deixar de atrair o interesse de Zuckerberg.

Ocorre que dezenove bilhões de verdinhas é muita grana para torrar com fotos. Por isto, Kara Swisher, em artigo para o sítio (site), afirma que a razão é outra. Diz ela que para o Facebook, uma empresa que não tem um sistema operacional para dispositivos móveis (como Android, iOS e Windows Phone), o único meio de se tornar um conglomerado de mídias sociais capaz de dominar o mercado é a aquisição de ferramentas complementares, como Instagram e WhatsApp, cada uma fazendo coisas que as outras não fazem. O que faz sentido quando nos lembramos que de certo modo o Facebook já tentou tornar seu “Home” a interface com o usuário preferida para dispositivos móveis e não foi bem sucedido. Para mim, faz mais sentido que as fotos…

Por outro lado, Josh Constine, em artigo para o site TechCrunch, especula que a verdadeira razão da compra é a necessidade do Facebook ampliar sua presença na Europa e nos mercados emergentes, onde a do WhatsApp é amplamente dominante. O que pode ser percebido em um gráfico apresentado no artigo que mostra o a porcentagem de usuários de iPhones, ou seja, do iOS (porém, não há razão para que seja muito diferente da dos demais sistemas operacionais para dispositivos móveis) que recorrem aos diversos serviços de mensagens instantâneas. Note que a soma das porcentagens no mesmo país ou região pode ultrapassar os 100% porque nada impede que o mesmo usuário recorra a mais de um destes serviços.

Pois bem: com exceção de alguns países da Ásia, WhatsApp e Messenger lideram as estatísticas, mas de longe o domínio é do WhatsApp, cuja porcentagem de usuários só é menor que a do Messenger nos EUA, França e Japão. A aquisição do WhatsApp, então, seria parte de um plano para dominar também estes mercados. O que também faz sentido.

Como se vê, tudo são especulações. Algumas um tanto delirantes, como o medo de cair na desgraça devido à concorrência do WhatsApp como ocorreu com o MySpace e Friendster, aventada por John Herrman em artigo para o BuzzFeed.

Porém, ainda ressaltando que também se trata de especulação, a que mais me pareceu crível é a hipótese aventada por Jonny Evans em artigo para a Computerworld intitulado “Jonny Evans: So WhatsApp, Facebook?”. Para quem não sabe: o termo WhatsApp, onde o sufixo “App” deriva de “application” (aplicação em inglês) é um inteligente jogo de palavras que faz referência à expressão coloquial do inglês usado nos EUA “What’s up?”uma espécie de saudação cujo significado é algo como “o que é que há?”, “o que há de novo?” ou algo parecido), um nome perfeito para um serviço de troca de mensagens.

Antes de explicar a teoria de Evans, uma observação a ela pertinente: você sabia que o Messenger do Facebook permite que seja estabelecida uma comunicação por voz, como o Skype? Pergunto porque muita gente não sabe, embora o serviço esteja disponível há mais de um ano. E tanto não sabem que, recentemente, o Facebook atualizou a versão do Messenger para que a função, antes escondida em um menu, ficasse mais explícita durante toda a conversação, permitindo que os interlocutores passem de uma troca de mensagens escritas para uma comunicação via voz (desde, é claro, que ambos disponham de uma conexão à Internet, geralmente via WiFi). Repare, na figura que acima esta coluna, no pequeno ícone em forma de telefone assinalado pela seta vermelha, no topo e a direita da tela, ao lado do nome do interlocutor (que, quando a conexão é possível, aparece em azul). Um clique nele é o primeiro passo para estabelecer a conversa via voz.

Este tipo de comunicação, denominado VoIP (voz sobre IP), estabelece uma comunicação por voz usando exclusivamente os recursos da Internet, sem qualquer interferência da provedora de serviços telefônicos. Quer dizer: exceto pelo fato de ela transportar por suas linhas telefônicas ou cabos, os sinais da Internet. Ou seja: a provedora de serviços telefônicos fornece sua infraestrutura de rede e cabeamento para que terceiros forneçam de graça um serviço pelo qual ela cobra, e cobra caro. O que é, no mínimo, irônico.

Serviços como estes, denominados OTT (ou “Over-The-Top”) incluem não apenas VoIP como também transmissão de vídeo em tempo real (nos EUA há diversas empresas que fornecem este serviço, como a Netflix, NowTV, Hulu e muitas outras), além da transmissão de qualquer outro tipo de mídia e – vejam vocês – mensagens de texto. A provedora de serviços telefônicos cuja infraestrutura é usada para transportar os “pacotes” de dados de áudio ou vídeo até pode tomar conhecimento destes pacotes e de seu conteúdo, mas não pode controlá-los.

É claro que as provedoras de telefonia não ficam contentes com isto, já que justamente a transmissão de voz e SMS é sua principal fonte de renda. E não somente são obrigadas a fornecer sua infraestrutura como a apreciar, sem receber um tostão, os fornecedores de serviços OTT faturarem enquanto a usam. Não é à toa que, nos EUA, já há algum tempo as provedoras discutem um meio de faturar “algum” cobrando destes fornecedores de serviços OTT.

E o meio mais viável parece ser a cobrança diferenciada, que garante a qualidade do serviço de transmissão de dados que usam sua infraestrutura. E, em função disto, as provedoras AT&T e Verizon estão tecendo um acordo com a Netflix, que já fechou com a Comcast, outra poderosa provedora, acordo semelhante, que garante a qualidade dos vídeos da Netflix transmitidos através da infraestrutura destas provedoras. Em troca de uma boa grana dispendida pela Netflix, naturalmente.

E o que tem tudo isto a ver com a aquisição do WhatsApp pelo Facebook?

Bem, basta juntar as pontas. O negócio em que a Facebook está interessada é a transmissão de voz, o serviço telefônico, como prova sua inclusão em seu Messenger. O Facebook tem 1,2 bilhões de usuários. O WhatsApp, 450 milhões. É claro que muitos destes usam ambos os serviços, mas ainda assim a soma de usuários de apenas um deles com a dos que usam ambos deve chegar perto de um e meio bilhão de pessoas. O que corresponde a mais de um quinto da população mundial.

Você já imaginou o poderio de uma empresa que forneça serviços telefônicos, troca de mensagens de texto, imagens e vídeos a toda esta gente? E melhor ainda: de graça?

Mas como ela vai ganhar dinheiro fornecendo serviços de graça?

Bem, segundo a hipótese sugerida por Jonny Evans no artigo citado mais acima, o próprio Facebook não cobrará pelos serviços. Mas poderá fechar um acordo com as operadoras telefônicas que garantirão a qualidade de todos estes serviços OTT fornecidos pelo Facebook. Será semelhante ao acordo do Netflix, mas ao revés: quem cobrará dos usuários serão as operadoras, no estilo “tiered service”, e uma parcela será repassada ao Facebook. E, como lembra o próprio Evans, mesmo um dólar por ano de 1,5 bilhões de usuários perfazem 1,5 bilhões de dólares anuais.

Ficarão felizes os usuários que obterão um serviço (aparentemente) gratuito de qualidade, ficará feliz o Facebook, que com isto tenderá a ser um poderoso membro do mercado de telefonia e ficarão felizes as provedoras que, enfim, faturarão em cima dos serviços OTT.

Isso, sim, vale 19 bilhões de dólares.

Especulação por especulação, esta me parece a mais viável…

B. Piropo





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