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Te cuida. A TV te vê

Não importa onde você vá, não importa de onde você venha nem importa onde você esteve: a TV está vendo

crédito: Universidade de Surreyhttp://itweb.com.br/Reconhecimento facial

O mundo está ficando diferente.

Eu sei que isto é tão surpreendente quanto o fato de o sol nascer toda manhã, portanto esta afirmação nada mais é que uma repetição do óbvio. Mas o problema é que o mundo está ficando MUITO diferente e com uma rapidez tão espantosa, as mudanças se sucedendo tão depressa, que mal temos tempo de acompanhá-las e muito menos de analisá-las. O resultado é paradoxal: acabamos por mal reparar nelas.

Ainda há pouco lia uma curiosa frase de Seth Haberman: “Assim como você assiste à TV, agora é a TV que está observando você”.

Ele se referia à tecnologia que desenvolveu para viabilizar sua empresa, a “VisibleWorld”, que assessora as redes de televisão nos EUA a transmitir anúncios personalizados de tal maneira que dois vizinhos, assistindo o mesmo canal de TV, vejam diferentes peças publicitárias no mesmo intervalo comercial, uma coisa quase inacreditável há alguns anos. Quem quiser mais informações sobre a forma pela qual as preferências individuais são determinadas e para que residências devem ser veiculados tais ou quais comerciais, pode consultar o verbete “VisibleWorld” da Wikipedia. Porque não foi esta empresa que me veio à mente quando li a frase de Haberman.

Foram as onipresentes câmaras de vigilância.

Antigamente, quando havia um crime, um acidente grave ou algo que “fosse notícia”, tomávamos conhecimento do fato pelo rádio, que tentava descrevê-lo da melhor forma possível. Depois, veio a televisão, que passou a mostrar o local do acontecido e, no máximo, fazia reconstituições para que os espectadores tivessem uma ideia de “como aconteceu”. A ocorrência, propriamente dita, só era mostrada em caso de tragédias de longa duração, como enchentes e incêndios, ou no de catástrofes anunciadas, como a famosa – para quem viveu o final dos anos cinquenta do século passado – queda do Edifício São Luiz Rei, que devido a uma falha nas fundações, foi se inclinando para trás lentamente e levou cinco dias para desabar.

Hoje, por mais corriqueira que seja a ocorrência, ela é assistida em qualquer noticiário de TV exatamente como ocorreu. Basta recorrer às imagens das indefectíveis “câmaras de segurança”. Dificilmente não haverá uma filmando seja lá o que for.

E não é difícil entender o porquê desta facilidade de encontrar imagens de tudo e de todos. Não consegui dados atualizados sobre o Brasil e embora o sítio da Sekron Alarmes afirme que em 2011 elas eram mais de um milhão em todo o país, além desta estimativa me parecer muito modesta mesmo para a época, elas devem ter se multiplicado extraordinariamente nos últimos três anos. Mas artigo do London Evening Standard afirma que hoje há seis milhões destas câmaras apenas na Grã-Bretanha e o sítio Answers informa que nos EUA há trinta milhões delas que geram 4 bilhões de horas de filmagem por semana.

Portanto, a frase de Haberman está duplamente correta, pois atualmente praticamente tudo o que acontece pode ser mostrado nos noticiários da TV.

Mas não se pode atribuir a responsabilidade apenas às câmaras de segurança. Hoje em dia estão se tornando comuns as câmaras instaladas sobre os painéis de instrumentos dos veículos (as “dashboard cameras” que são extremamente comuns na Rússia por uma curiosa razão: lá, o número de tentativas de dar o “golpe do seguro” jogando-se propositalmente no trajeto de veículos é tão grande que quase todo motorista tem uma câmara de painel para comprovar que está isento de culpa na eventualidade do golpe ser aplicado a ele). E não se pode esquecer dos ominosos telefones espertos e tablets, com suas câmaras de filmar embutidas. O resultado disto é que, em qualquer lugar do mundo, qualquer coisa ligeiramente inusitada que ocorra, há sempre alguém sacando um destes objetos do bolso e filmando tudo o que acontece nas vizinhanças. E na maioria das vezes estes filmes são armazenados “na nuvem”.

Pois é. Agora, some a isto os efeitos da tecnologia de reconhecimento facial.

Originalmente ela se baseava em obter uma imagem de boa qualidade de um rosto (o seu, por exemplo), digitalizá-la, destacar pontos considerados marcantes, como a posição, tamanho e formato dos olhos, nariz, boca, bochechas e queixo, unir estes pontos por segmentos de reta e, através de algoritmos especialmente desenvolvidos, codificar estas características de tal maneira que, se outra foto do mesmo rosto for digitalizada e submetida à mesma técnica, o programa de reconhecimento facial poderá garantir que se trata da mesma pessoa (veja a foto acima, obtida no sítio da Universidade de Surrey, Reino Unido). Mas hoje já há coisas ainda mais sofisticadas, como reconhecimento tridimensional e análise da textura da pele. Aqui não nos interessam detalhes de como isto é feito, mas quem desejar informações pode começar consultando a entrada “Facial recognition system” da Wikipedia. Porque a nós só interessa saber que a tecnologia existe.

Existe e evolui. E, à medida que evolui, crescem os bancos de dados que correlacionam a codificação da imagem de rostos digitalizados com a identidade do portador da carantonha.

Mas não é só isso.

Você lembra das imagens obtidas de câmaras de segurança exibidas há alguns anos? Em preto e branco, baixa definição, meio borradas? Hoje, de quando em vez os noticiários da televisão ainda exibem uma destas. Mas já há coisa bem melhor: câmaras de segurança cada vez menores, mais baratas, que geram imagens cada vez de melhor qualidade, coloridas, de boa definição.

Mais um ponto: as câmeras de segurança instaladas, digamos, pelas autoridades policiais de algumas cidades são interligadas via Internet. Isto quer dizer que, se um indivíduo se deslocar apenas pelos locais onde elas estão instaladas, ou seja, em sua “área de cobertura”, seu trajeto pode ser determinado passo a passo, da origem ao destino.

Quer dizer, poder, de fato, pode. Mas dá um trabalho insano. São milhares de horas de filmes a serem examinadas à procura da imagem do tal indivíduo. Porém, mesmo hoje com toda esta dificuldade, quando é efetivamente necessário como nos casos de crimes de grande repercussão e atentados terroristas, a polícia se dispõe a fazer este trabalho.

Agora, vamos projetar nossa imaginação alguns anos adiante.

Imagine um mundo onde TODAS as câmaras de segurança gerem imagens de boa qualidade sejam interligadas via Internet, independentemente de pertencerem a instituições governamentais, empresas privadas ou mesmo prédios, condomínios e casas particulares.

Lembre que dentro de alguns anos praticamente todo indivíduo que vive em uma cidade de porte médio a grande – e muitos outros de cidades menores – terão suas características faciais armazenadas nos grandes bancos de dados dos órgãos oficiais de identificação e que também estes bancos de dados venham a se interligar pela Internet de alta taxa de transmissão (“banda larga”).

Imagine que dada a confusão em que anda o mundo de hoje, com gente se matando por dá cá aquela palha e atentados espoucando em toda parte, as autoridades governamentais venham a garantir seu direito de acesso aos filmes e imagens privados armazenados na nuvem (acha impossível? Nos tempos da ditadura vi coisas mais espantosas ainda).

Agora combine estas suposições com a tecnologia de reconhecimento facial, que por sua vez terá evoluído um bocado daqui até lá.

Percebeu?

Neste futuro mundo imaginário, as autoridades policiais, governamentais, militares ou seja lá quais forem, poderão introduzir em um computador de enorme capacidade de processamento os dados digitalizados do rosto de qualquer indivíduo, selecionar certo intervalo de tempo e esperar um pouco – dependendo da capacidade de processamento dos computadores da época, talvez apenas alguns minutos – enquanto o programa compara os dados do rosto introduzido com TODOS os rostos captados por TODAS as câmaras de segurança e imagens armazenadas na nuvem e captadas, digamos, em uma cidade na qual o “dono do rosto” afirma que não esteve naquela hora e data.

Terminada a busca, se o cavalheiro mentiu, não somente se comprovará que ele esteve na dita cidade como também será possível traçar um mapa com seu trajeto ponto a ponto. E com a hora exata em que esteve em cada ponto.

Assustador, pois não

Pois é.

Preparem-se.

E boa sorte.

B. Piropo





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