“Toda empresa é uma empresa de tecnologia”. Esse foi o ponto defendido por Peter Sondergaard, analista do Gartner, no evento anual da consultoria neste ano. Ele quis dizer que todas as companhias precisam ter a tecnologia como centro dos negócios, garantindo eficiência operacional e inovação.

Mark Raskino, também do Gartner, separou três acontecimentos recentes que reforçam essa tese. A primeira é a loja digital da Argos, varejista britânica de bens de consumo. Por muitos anos, a empresa operou um modelo de negócio incomum, com catálogos de compra dentro das lojas. Agora, a Argos se desfez desses papeis ao substitui-los por tablets. Entre os analistas, a Argos é tida como uma das poucas varejistas centradas em lojas físicas com capacidade de competir com a Amazon.

Outro caso é a PMI, fabricante de cigarros, que anunciou recentemente a entrada no mercado de cigarros eletrônicos no ano que vem. Ela se une à Lorrilard, BAT e outras companhias que já responderam a essa categoria crescente do mercado tabagista, amplamente puxada por startups. “Não se engane ao pensar que eles são apenas um produto ‘eletrônico’. A marca “blu”, da Lorrilard, já possui características sociais e conexão sem fio”, ressalta Raskino.

Por fim, a última evidência de que toda empresa é uma empresa de tecnologia é a parceria entre a Coca-Cola e a varejista norte-americana Target na Índia, para investir na geração de ideias de negócios digitais e outras oportunidades.

“A definição de uma empresa de tecnologia tem mudado por muitos anos. Muitas companhias que aplicam TI para servir uma necessidade do consumidor são categorizadas dessa maneira pela mídia e pela comunidade de negócios – mesmo que elas não vendam tecnologia”, pontua o analista do Gartner. Exemplos desse caso são as redes LinkedIn, Groupon, Pinterest e Twitter. “Se empresas que não são de tecnologia começarem a aplicar TI diretamente naquilo que vendem – certamente elas estão se tornando companhais de tecnologia? Precisamos ao menos admitir que essa fronteira está se tornando muito vagas”, provoca Raskino.