O Google publicou o seu relatório anual sobre a segurança do Android e a mensagem é clara: os aparelhos rodando a versão mais recente do sistema móvel estão entre os mais seguros que você pode comprar. Por meio de uma combinação de recursos como o Google Play Protect e o Instant Apps, o programa de recompensas por bugs, e o uso Machine Learning (Aprendizado de Máquina), a gigante diz que o Android 8 “alcançou uma força de proteção que agora lidera o mercado”. 

Essa é uma ótima notícia se você está usando um Google Pixel ou tem um Galaxy S9 a caminho - o aparelho ainda não tem uma data de lançamento oficial no Brasil. Mas se você é dono de um dos milhões de smartphones que nunca receberão o update para o Oreo, o maior problema com a segurança do Android é um que já atormenta a plataforma há um tempo: a fragmentação.

Pelos números mais recentes, apenas 1% dos usuários Android estavam rodando o Oreo, em comparação com quase 28% usando o Nougat e outros 28% com o Marshmallow. Isso significa que quase 99% dos aparelhos Android não estão tão seguros quanto poderiam. Mas o Google está tentando mudar essa narrativa. 

O impacto na sua casa

Com cada novo lançamento Android, o Google faz mais e mais para deixar os aparelhos mais seguros. Então, se você faz parte desse 1% usando o Oreo, parabéns. Não apenas você tem os recursos mais recentes da plataforma, mas também conta com o aparelho Android mais seguro que é possível ter na atualidade.

Mas o Google está esperançoso que conseguiu virar a página. Com o Project Treble, os aparelhos rodando a mais nova do Android deverão crescer exponencialmente com o Android P (que chega no segundo semestre de 2018), por isso pode ser que nesta mesma época do ano em 2019 a gente tenha mais de 10% dos aparelhos Android atualizados. E há ainda o Android Go e o Android One, que oferecem uma versão “pura” com promessas de anos de atualizações. Então as coisas estão realmente definitivamente evoluindo.

Proteção na fonte

Uma área em que todos os aparelhos se beneficiam de uma segurança mais rígida é a Play Store. No ano passado, o Google atualizou a sua loja digital com um novo recurso chamado Google Play Protect. Um processo em segundo plano habilitado por padrão, o pacote de segurança roda automaticamente uma verificação de segurança nos apps antes de eles serem baixados pela Play Store e alerta os usuários sobre qualquer app que possa colocar o seu smartphone em risco.

Segundo o Google, a probabilidade de um usuário baixar um app malicioso pela Play Store caiu pela metade no ano passado, de 0,04% para 0,02%. Apesar de o número já ser extremamente baixo antes disso, o Google diz que as chances de baixar um app malicioso na Play Store em 2017 eram “menores do que a probabilidade de um asteróide atingir o Planeta Terra”.

Além disso, a proliferação dos chamados Instant Apps – que podem ser usados sem baixar nada – diminuem a probabilidade do usuários instalar código malicioso no aparelho.

Apesar de o Google Play Protect e o Instant Apps estarem disponíveis para smartphones Android a partir da versão Lollipop, a maioria das outras melhorias de segurança que o Google lançou no último ano são limitadas principalmente ao Oreo. Entre os recursos presentes na versão mais nova do sistema estão criptografia mais forte, armazenamento de chaves, proteção automática do kernel, sandboxing mais firme e uma versão atualizada do Android Verified Boot.

Mas a maior mudança em segurança do Android 8 está relacionada à forma como o software lida com apps que não vem da Play Store. Se antes os usuários podiam acessar facilmente a opção Fontes Não Verificadas para permitir a instalação de apps que não aprovados pela Play Store, no Oreo há uma permissão por trás das cenas que roda automaticamente sempre que um app é carregado alternativamente. Isso significa que os usuários não podem desabilitar a opção sobre as fontes de forma não intencional, mas também significa que um app malicioso também não pode fazer isso. 

No último ano, o Google também pagou mais de 1,25 milhão de dólares como parte do seu programa de caça de bugs, mas poucos eram vulnerabilidades críticas do Oreo. Na verdade, o Google informou durante a competição 2017 Mobile Pwn2Own que nenhum dos exploits conseguiu comprometer os seus aparelhos Pixel – mas o evento foi realizado em outubro do ano passado, depois que os smartphones da gigante receberam o update para o Android Oreo.

Project Treble

No geral, as coisas parecem estar melhorando. Apesar de os updates do Android normalmente seguirem a mesma taxa de adoção, o novo Project Treble poderia aumentar o número de dispositivos com o Android P. O recurso do Oreo facilita a vida das fabricantes na hora de entregar as atualizações aos smartphones, então os aparelhos rodando o Android 8 deverão receber a versão 9 de forma muito mais rápida. Isso significa que todos ficarão muito mais seguros. 

O Project Treble representa uma mudança completa no modo como as atualizações são entregues. Começando pela fonte, o Project Treble dá aos fabricantes um caminho limpo para atualizar o software do Oreo para o Android P (ainda sem um nome oficial), resumindo um processo de vários passos para apenas um. A novidade também suaviza os vários refinamentos de hardware, o que facilita a vida das fabricantes para soltar os updates para diversos modelos. Sim, os dispositivos precisarão rodar o Oreo para aproveitar esse novo recurso, mas já é um bom começo. 

E tudo isso significa que o relatório sobre o estado do Android do ano que vem poderá trazer números mais positivos.